Os empenhos e convênios feitos pelo Governo Federal para custear a obra, cerca de R$ 25 milhões, foram garantidos no apagar das luzes do governo de Michel Temer
O presidente Jair Bolsonaro desceu em Campo Grande (MS) nesta quinta-feira (30) para entregar apartamentos no Jardim Canguru e, aparentemente, fazer um passeio de moto com membros de grupo de WhatsApp.
O passeio é mais coerente, já que os 300 apartamentos do Residencial Jardim Canguru são resultado de um programa habitacional criado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva em 2009: o Minha Casa Minha Vida – um dos últimos investimentos feitos em habitação popular no Brasil, em 2017.
Os empenhos e convênios feitos pelo Governo Federal para custear a obra, cerca de R$ 25 milhões, foram garantidos no apagar das luzes do governo de Michel Temer, político que participou do impeachment fraudulento da presidenta Dilma Rousseff (PT).
Embora esteja em plena “pré-campanha” há três anos, Bolsonaro tenta colocar a entrega na conta do seu programa habitacional que praticamente não saiu do papel, o Casa Verde e Amarela, que dois anos após ser lançado conseguiu anunciar apenas 2.450 unidades em todo o Brasil.
Para efeito de comparação, o chamamento de setembro de 2018, onde o projeto do Jardim Canguru foi aprovado, teve 25.219 casas aprovadas em diversos municípios brasileiros. E foi um dos mais “enxutos” do Minha Casa Minha Vida, que chegou a entregar mais de 500 mil casas em um ano.
No auge do Minha Casa Minha Vida, em 2015, o orçamento chegou a R$ 30 bilhões anuais. Já no ano passado, no governo Bolsonaro, apenas R$ 1,4 bilhão foi reservado à moradia popular. O valor é bem menor do que o usado nas verbas parlamentares do Centrão, por exemplo, prioridade para Jair Bolsonaro.
Com os recentes aumentos nos índices de aluguel e a crise dos alimentos, a casa própria se torna mais necessária à população que era o público alvo do Minha Casa Minha Vida, que tem renda familiar de até R$ 1,8 mil mensais.
Agentes públicos envolvidos na obra do Residencial Jardim Canguru, que preferiram não se identificar por conta da proximidade do período eleitoral, garantem que os apartamentos saíram mais pela iniciativa do ex-prefeito Marquinhos Trad e do governador Reinaldo Azambuja do que pela iniciativa federal.
“Tanto a Agehab quanto a Agência Municipal de Habitação correram com os prazos e as necessidades que apareciam na parte burocrática para acelerar a construção”, revela um servidor de carreira. É importante lembrar a quem receber as chaves que se depende de Bolsonaro aquele apartamento nem estaria ali.
Redação com assessoria do deputado federal Vander Loubet.